Os diversos achados arqueológicos encontrados no mar da Berlenga, refletem a importância da ilha na circulação costeira ao longo da História.

FUNDEADOURO DA BERLENGA

Localizado no Carreiro do Mosteiro, onde existe um pequeno cais. A área de fundeadouro é pequena e com capacidade reduzida mas de elevada importância desde a antiguidade. Os achados arqueológicos indiciam a frequência do local em períodos antigos por embarcações de grande porte, o que sugere que este ancoradouro era um ponto estratégico e muito frequentado por embarcações que percorriam as rotas entre o Mediterrâneo e as regiões setentrionais atlânticas do mundo romano.

Existem indícios também de que este ancoradouro era importante na Época Moderna, nas rotas atlânticas de longo curso ou seja, era utilizado como porto de abrigo por embarcações, nomeadamente as que transportavam o açúcar entre os centros açucareiros (por exemplo, a Madeira) e o continente.

Aqui foi encontrado o maior conjunto de achados anfóricos em meio marítimo e o segundo maior conjunto de cepos de âncora da costa portuguesa. Nos depósitos arqueológicos intervencionados no Bairro dos Pescadores, recolheu-se um conjunto importante de formas de pão de açúcar.

 

BARCOS AFUNDADOS

Peniche e o arquipélago das Berlengas constituem um caso singular no que respeita quer à quantidade de naufrágios ocorridos nas suas águas, quer à diversidade e diacronia dos mesmos.

Um dos destroços é o SS Primavera. Este navio a vapor, em ferro, construído em 1878, afundou-se ao largo da Berlenga em outubro de 1902, quando efetuava uma viagem entre Palermo e Antuérpia, na sequência de um incêndio que deflagrou na carga nomeadamente cânhamo, almagre, asfalto, cortiça, chá e mármore.

Outro dos é o do vapor grego SS Andrios, também denominado “vapor do Trigo”, carga que transportava quando se afundou em novembro de 1926. Este navio ainda apresenta um conjunto de três caldeiras, parte da estrutura e do casco.

 

ACHADOS ARQUEOLÓGICOS

Os diversos achados arqueológicos encontrados no mar da Berlenga, alguns desde a idade do Bronze, refletem a importância da ilha na circulação costeira ao longo da História. O espólio encontrado está datado desde a antiguidade, nomeadamente do período romano, mas a maior parte dos artefactos são do século XVI.

Entre as descobertas, destacam-se ânforas de forma Haltern 70 do século I; um falconete de bronze, berços de bronze e peças de artilharia em ferro datáveis da segunda metade do século XVI; diversos cepos e âncoras em pedra que abrangem um período desde a Idade do Bronze até ao final da época medieval. A datação do núcleo de madeira de um grande cepo de chumbo encontrado na zona do Melreu indica ser contemporâneo ou anterior ao início da presença romana em Portugal (séc II a.C.).

Este conjunto de achados indicam que a ilha era utilizada como fundeadouro para embarcações comerciais de médio e longo curso, nomeadamente as que percorriam as rotas de ligação entre o Mediterrâneo e os territórios romanos atlânticos.