O sector das pescas tem marcado profundamente o concelho de Peniche, quer pelas suas condições naturais quer pelas infraestruturas criadas ao longo de séculos de história de uma população que viu nas pescas um importante recurso económico. A testemunhar este historial existem os pesos de rede em cerâmica, da época romana, ou os ossos de baleia depositados na Igreja de S. Leonardo, em Atouguia da Baleia. A pesca em Peniche foi evoluindo ao longo dos anos, sofrendo especial transformação durante o primeiro quartel do séc. XX, período em que a traineira e a pesca de cerco, substituíram uma variedade de técnicas tradicionais, como as armações à valenciana, as sacadas, os cercos volantes, as caçadas de sardinheiras, ou as redes de lagosta.

 

 

O sector das pescas tem marcado profundamente o concelho de Peniche, ao longo de séculos de história de uma população que viu nas pescas um importante recurso económico

Embora a importância das pescas na economia do concelho tenha vindo a diminuir, refletindo-se no número de pessoas afetas a esta atividade e na quantidade de pescado descarregado, atualmente Peniche é o segundo porto de pesca do país em volume de pescado transacionado na lota mas é o porto que lidera em termos de valor de pescado transacionado. As principais espécies capturadas são o robalo, o linguado, a sardinha, o polvo e o choco, peixes e cefalópodes considerados de elevado valor comercial

A Pesca em Peniche também está diretamente relacionada com as Berlengas. Antigamente existia uma prática de pesca bastante destrutiva neste arquipélago que incluía pesca com dinamite, pesca com candeeiro, pesca de arrasto para a praia, pesca com armação fixa e pesca com covos, mas todos estes métodos foram abolidos a algumas décadas devido ao elevado impacte nos recursos pesqueiros e ecossistema. A caça submarina também era muito praticada, em especial para a pesca do robalo e do cação mas atualmente esta atividade está interdita. Atualmente a pesca que se pratica na Berlenga é de tipo artesanal e o cerco e o palangre são as artes autorizadas na área marinha da Reserva Natural. As principais espécies piscícolas capturadas são a cavala, a sardinha, o carapau, o robalo e o sargo.

As artes de Pesca utilizadas na área de Peniche e Berlengas

Arrasto. Método de pesca que utiliza estruturas rebocadas essencialmente compostas por bolsa que pode ser prolongada para os lados por «asas» relativamente pequenas. Rede de arrasto pelo fundo rebocada por uma só embarcação e cuja abertura horizontal é assegurada pelas portas de arrasto relativamente pesadas. Arte de pesca dirigida fundamentalmente a peixes demersais e crustáceos. As principais espécies de peixe capturadas são o carapau, o verdinho e o polvo. Os crustáceos mais capturados são a gamba-branca, o lagostim e o camarão-vermelho.

Cerco. Esta é a principal arte usada pela frota de barcos ligeiros de Peniche e é dirigida à captura de espécies pelágicas. Nesta arte é utilizada uma parede de rede sempre longa e alta, que é largada de modo a cercar as presas e a reduzir a sua capacidade de fuga. O processo de captura consiste em envolver o peixe pelos lados e por baixo, impedindo a sua fuga pela parte inferior da rede, mesmo quando operada em águas profundas. Arte essencialmente virada para a sardinha, embora também sejam capturados carapaus, cavala, sarda e biqueirão.

Palangre. Os palangres são artes de pesca de fundo, constituídas por uma linha de grande comprimento (madre), à qual se ligam numerosas linhas de pequeno comprimento (estralhos) na extremidade livre das quais se empata um anzol. O comprimento e o afastamento entre estralhos variam de acordo com a espécie-alvo. Existem palangres fundeados de fundo e de meia-água e palangres de superfície que se destinam, essencialmente, à pesca de grandes migradores como o espadarte.